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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Um texto perdido

Puxa! Não posto nada aqui pelo blog já faz um bom tempo, né? Mas organizando meus velhos DVD's de backup (que já estavam esquecidos em um canto do meu quarto), encontrei esse texto que eu nem me lembro do porquê ter escrito, mas quando li ele novamente, achei bem divertido. Aí vai: "Causa e efeito".


Vamos começar pelo início. Um início que tem fim, ou que às vezes continua sem nunca terminar. Mas aí seria algo muito longo. Longo como uma corda. Corda de vara de pescar é longa. Ela pega muitos peixes. Peixes são ricos em fósforo (o elemento químico, não o objeto). Mas todos sabem disso. Porque não dá pra acender um palito de fósforo embaixo d’água. Mas e se desse? Seria esquisito, não é? A água ficaria quente. E então a água iria ferver e os peixes morreriam. Mas peixe é alimento. Então isso seria bom, não? Teria muito mais peixe no mundo. Ninguém mais teria fome. Então não teríamos mais que doar comida. Sobrariam muitos alimentos. Mas então todos comeriam muito. Poderíamos ficar muito gordos. Então teríamos problemas de saúde. Teríamos que tomar mais remédios. E aí os remédios ficariam mais caros. Então ficaríamos sem dinheiro. Seriamos pobres. Passaríamos fome e ficaríamos magros e teríamos que pedir comida. Existiriam mais mendigos. As pessoas estariam mais sujas e pegariam mais doenças. Mais pessoas morreriam. O mundo ficaria mais vazio. Então teria mais espaço para viver. Não teriam mais disputas territoriais. E sem disputas não haveriam guerras. Sem guerras, armas não seriam produzidas. Então menos gente trabalharia. Existiriam mais desempregados. E para dar emprego as pessoas, os governos precisariam de mais dinheiro. Então teríamos mais roubos e corrupções. E aí ninguém mais confiaria nos políticos. O povo iria se lamentar e ignorar os problemas. Ou poderiam haver revoltas. Os governos teriam que revidar. Pessoas seriam mortas. Bombas seriam lançadas. Muitas cidades iriam ser destruídas. Ninguém mais teria um lugar para morar. Então todos nós iríamos viver nas florestas. Teríamos que cortar árvores. Comeríamos muitas frutas. E devastaríamos muitas matas. A natureza seria destruída. E sem natureza não poderíamos viver mais neste planeta. Então teríamos que ir para o espaço. Tentaríamos construir foguetes. Mas só iríamos conseguir construir um, pela escassez de recursos. Poucas pessoas iriam embarcar nele. Elas iriam viajar pelo espaço por muito tempo procurando outro planeta habitável. Eles iriam ter filhos. E seus filhos teriam filhos, e os filhos dos filhos teriam filhos até que, por falta de suprimentos, só sobraria um. Depois de muito tempo, velho e sozinho ele iria encontrar um novo mundo. Ele seria muito parecido com a terra. Teria muitas plantas exóticas e frutas deliciosas. O velho comeria muito. Dormiria muito e a andaria muito. Até que se desse conta de que não envelhecia mais. Isso! O tempo teria parado naquele planeta estranho. Então ele não sentiria o tempo passar. Isso seria muito chato. Ele iria se cansar e enlouqueceria. Tentaria destruir aquele planeta. Mas não iria conseguir. Então ele iria esperar pelo fim. Iria demorar. Até que um dia o sol que iluminava o planeta aumentou, aumentou e explodiu. O velho morreu. O planeta foi engolido. O sol encolheu e virou um buraco-negro. O buraco-negro começou a sugar tudo. E se as leis da física não se aplicassem nessa história... O buraco sugaria tanta, tanta, mais tanta coisa que não suportaria aquela quantidade de matéria e cuspiria tudo fora. Cuspiria os planetas, as estrelas e as galáxias. Cuspiria até mesmo a terra. A qual estaria completamente vazia porque todos os humanos teriam morrido de fome ao longo do tempo. Então o tempo passaria. E passariam muitos anos até que a vida brotasse e plantas e animais surgissem no planeta. O homem viria depois. Ele aprenderia aos poucos como funcionava o mundo. Ele descobriria o fogo sem-querer e o usaria para muitas coisas. Ele saberia caçar, amar, cultivar e até mesmo pescar! E quando ele inventasse a vara de pescar e descobrisse que peixes são saborosos, ele tentaria pescar. E se ele pescasse iria olhar muito para o lago onde nadavam os peixes. E, num ato de pura curiosidade, iria mergulhar o fogo na água para ver o que aconteceria. E quando visse que o fogo apagava iria se perguntar o porquê daquilo. Mas, para a nossa sorte, nunca iria desejar que o fogo acendesse embaixo d’água. Porque, de alguma maneira surreal, alguém de nosso tempo voltaria ao passado e o avisaria das conseqüências. Mas então o fogo nunca iria acender na água. E nada disso teria acontecido. Logo, essa história nunca teria começado e, consequentemente, jamais teria um fim. Mas então isso seria uma impossibilidade e um absurdo lógico. Então as leis do universo seriam inúteis. Logo, o universo colapsaria sobre si mesmo. Tudo acabaria e, finalmente, essa história teria um fim.

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